As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, são fragmentos celulares encontrados no sangue. Elas desempenham um papel crucial no processo de coagulação sanguínea, que é essencial para interromper sangramentos após lesões vasculares. As plaquetas são pequenas, não possuem núcleo e têm uma vida útil curta, geralmente em torno de 7 a 10 dias.

Função das Plaquetas:

Quando ocorre uma lesão em um vaso sanguíneo, as plaquetas são ativadas e aderem à área danificada. Elas liberam substâncias químicas que atraem mais plaquetas para o local, formando um agregado plaquetário. Esse agregado, também conhecido como tampão plaquetário, ajuda a selar a lesão e inicia o processo de coagulação.

Produção e Liberação:

A produção e liberação de plaquetas são estimuladas principalmente pelo hormônio trombopoietina, que é produzido no fígado e rins em resposta às necessidades do organismo. Quando há demanda aumentada por plaquetas, a trombopoietina estimula a produção dessas células na medula óssea, assegurando uma resposta eficaz para situações de lesões vasculares ou hemorragias. Esse processo é parte de um sistema complexo de regulação, envolvendo outros fatores e citocinas, que mantêm o equilíbrio necessário para a homeostase no sistema circulatório.

  1. Estímulo Inicial:
    • A necessidade de mais plaquetas no organismo pode ser desencadeada por situações como lesões vasculares, hemorragias ou outras demandas hemostáticas.
  2. Produção de Trombopoietina:
    • O fígado e os rins produzem e liberam a trombopoietina em resposta a essa demanda aumentada.
  3. Ação da Trombopoietina:
    • A trombopoietina atua nos megacariócitos, células precursoras encontradas na medula óssea. Ela estimula a produção e a maturação dessas células.
  4. Formação de Plaquetas:
    • Os megacariócitos sofrem um processo de fragmentação, liberando plaquetas na corrente sanguínea.
  5. Circulação de Plaquetas:
    • As plaquetas circulam pelo sangue, prontas para responder a qualquer lesão vascular.
  6. Feedback Negativo:
    • À medida que a contagem de plaquetas aumenta, há um feedback negativo que regula a produção de trombopoietina para evitar uma produção excessiva.
  7. Outros Fatores de Regulação:
    • Além da trombopoietina, outros fatores e citocinas, como interleucinas, também desempenham papéis na regulação da produção de plaquetas.
  8. Manutenção da Homeostase:
    • O equilíbrio delicado entre a produção e a remoção de plaquetas assegura que o sistema circulatório mantenha a homeostase, respondendo eficientemente às necessidades hemostáticas do corpo.

Cascata de coagulação:

A cascata de coagulação é um processo complexo que envolve uma série de reações bioquímicas e ativação de fatores de coagulação para formar um coágulo sanguíneo. Essa cascata é essencial para prevenir sangramentos excessivos quando ocorrem lesões nos vasos sanguíneos. A cascata de coagulação é frequentemente dividida em três fases: a via intrínseca, a via extrínseca e a fase comum.

Via Intrínseca:

  1. Ativação Inicial:
    • Lesões nos vasos sanguíneos expõem o colágeno, ativando a via intrínseca. O fator XII (Hageman) é ativado em contato com a superfície lesada.
  2. Cadeia de Ativação:
    • O fator XII ativa o fator XI, que, por sua vez, ativa o fator IX em conjunto com o fator VIII ativado pela trombina. A ativação ocorre em uma série de reações em cadeia.
  3. Ativação da Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa):
    • O TTPa é prolongado nesta fase, indicando a eficácia da via intrínseca.

Via Extrínseca:

  1. Estímulo Externo:
    • Lesões externas que extravasam o sangue ativam a via extrínseca. O tecido danificado libera o fator tecidual (tromboplastina).
  2. Ativação do Fator VII:
    • A tromboplastina forma um complexo com o fator VII, ativando-o.
  3. Ativação da Tromboplastina Total (TP):
    • O TP mede a eficácia da via extrínseca e é frequentemente avaliado clinicamente.

Fase Comum:

  1. Ativação do Fator X:
    • Nas convergências das vias intrínseca e extrínseca, o fator X é ativado.
  2. Formação da Protrombinaase:
    • O fator X ativado, em conjunto com o fator V ativado pela trombina, converte a protrombina em trombina.
  3. Conversão de Fibrinogênio:
    • A trombina converte o fibrinogênio em fibrina.
  4. Estabilização do Coágulo:
    • A fibrina forma uma rede que estabiliza o coágulo sanguíneo.

Fibrinólise:

  1. Dissolução do Coágulo:
    • A fibrina é gradualmente dissolvida pela plasmina, iniciando o processo de fibrinólise.

A cascata de coagulação é finamente regulada para evitar coágulos inadequados ou sangramentos excessivos. Desregulações nesse sistema podem levar a distúrbios hemorrágicos ou trombóticos. O equilíbrio delicado da cascata de coagulação é essencial para a homeostase sanguínea.

Contagem Normal de Plaquetas:

A contagem normal de plaquetas em um microlitro de sangue varia de 150.000 a 450.000. Valores abaixo desse intervalo podem indicar trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas), aumentando o risco de sangramento. Valores acima podem indicar trombocitose (alta contagem de plaquetas), aumentando o risco de coágulos sanguíneos.

Doenças relacionadas:

  1. Trombocitopenia:
    • Caracterizada por uma baixa contagem de plaquetas, aumentando o risco de sangramentos espontâneos. Pode incluir condições como púrpura trombocitopênica idiopática (PTI), leucemia e síndrome mielodisplásica.
  2. Trombocitose:
    • Refere-se à contagem elevada de plaquetas, aumentando o risco de coágulos sanguíneos. Pode estar associada a distúrbios mieloproliferativos, infecções crônicas e inflamações.
  3. Doença de Von Willebrand (DvW):
    • Distúrbio genético que afeta a função do fator de coagulação Von Willebrand, resultando em sangramentos prolongados e anormalidades na adesão plaquetária.
  4. Hemofilia:
    • Distúrbio genético que afeta a coagulação sanguínea devido à deficiência ou ausência de fatores de coagulação, resultando em sangramentos prolongados.
  5. Síndrome Antifosfolípide (SAF):
    • Distúrbio autoimune que pode aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos, afetando a função plaquetária.
  6. Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP):
    • Condições em que ocorre a formação de coágulos sanguíneos, podendo envolver plaquetas, e que podem levar a complicações graves.
  7. Trombocitopatias Hereditárias:
    • Distúrbios genéticos que afetam a função plaquetária, incluindo:
      • Trombastenia de Glanzmann: Caracterizada por disfunção plaquetária, levando a sangramentos.
      • Síndrome de Bernard-Soulier: Caracterizada por plaquetas grandes e disfuncionais.
  8. Síndrome Mielodisplásica (SMD):
    • Grupo de doenças da medula óssea que pode resultar em plaquetas anômalas, aumentando o risco de sangramento e infecções.
  9. Síndrome de Alport:
    • Uma doença genética rara que pode afetar a função plaquetária, levando a distúrbios hemorrágicos.
  10. Trombocitopatia Amegacariocítica Congênita:
    • Distúrbio genético raro que resulta em uma diminuição significativa de megacariócitos e plaquetas na medula óssea.

Exames:

Os exames relacionados às plaquetas e ao sistema de coagulação sanguínea são cruciais para diagnosticar distúrbios hemostáticos e monitorar a saúde do paciente. Aqui estão alguns exames comumente solicitados:

  1. Contagem de Plaquetas:
    • Mede o número de plaquetas no sangue por microlitro. Ajuda a avaliar a capacidade do organismo de coagular e prevenir sangramentos ou formação excessiva de coágulos.
  2. Tempo de Sangramento:
    • Avalia a eficácia da formação do tampão plaquetário. Um tempo prolongado pode indicar distúrbios plaquetários ou deficiências nos fatores de coagulação.
  3. Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa):
    • Avalia a eficiência da via intrínseca da coagulação, ajudando a identificar distúrbios hereditários ou adquiridos nos fatores de coagulação.
  4. Tempo de Protrombina (TP) e Índice Internacional Normalizado (INR):
    • Avaliam a via extrínseca da coagulação e são frequentemente utilizados para monitorar pacientes em tratamento com anticoagulantes.
  5. Dosagem de Fibrinogênio:
    • Mede os níveis de fibrinogênio, uma proteína essencial para a formação de coágulos. Pode indicar distúrbios de coagulação.
  6. Dosagem de Fatores de Coagulação:
    • Avalia os níveis de fatores específicos, como Fator VIII, Fator IX, entre outros, para diagnosticar distúrbios hemofílicos.
  7. Dosagem de Von Willebrand Antígeno e Atividade:
    • Ajuda no diagnóstico da Doença de Von Willebrand, avaliando a quantidade e a função do fator de coagulação Von Willebrand.
  8. Agregação Plaquetária:
    • Avalia a resposta das plaquetas a estímulos, identificando distúrbios plaquetários, como a trombastenia de Glanzmann.
  9. Esfregaço de Sangue Periférico:
    • Permite uma análise detalhada da morfologia das células sanguíneas, incluindo as plaquetas.
  10. Testes Genéticos:
    • Em casos de distúrbios hereditários, os testes genéticos podem ser realizados para identificar mutações genéticas associadas a condições como hemofilia ou doenças plaquetárias hereditárias.
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Dra. França

Biomédica Patologista Clinica e imagenologista. Criadora de conteúdo digital para estudantes e profissionais da saúde.

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